25 Dicas e Idéias para sua Árvores de Natal com Material Reciclado e Reciclável

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Aqui estão reunidas vinte e cinco dicas e idéias de Árvores de Natal interessantes, feitas com materiais diferentes, que são reciclados ou recicláveis. Que você acha de mostrar o quanto você é politicamente correto e fazer sua própria árvore de Natal! Se você está cansado das mesmas árvores de plástico, feitas na China, todas iguais, então aqui está a solução de última hora para fazer uma linda árvores de Natal personalizada. Seja diferente este ano! Divirta-se criando sua obra-prima de Natal!

Confira no link: http://www.vidasustentavel.net/reciclagem/25-dicas-ideias-arvores-natal-material-reciclado-reciclavel/

Produtor rural constrói curral com pneus usados que suporta até 50 animais. Produtor rural constrói curral com pneus usados que suporta até 50 animais.

O produtor rural é de Campos Gerais (MG) construiu um curral utilizando apenas pneus velhos. Além de ser ecologicamente correta, a ideia trouxe economia para seu João Batista Cândido. Ao invés de usar a madeira para cercar o espaço onde o gado fica confinado, o produtor decidiu usar os pneus sem uso, que seriam descartados. A economia girou em torno de R$ 15 mil reais.

Na propriedade dele, cheia de árvores e com uma plantação de eucaliptos, ele usou apenas algumas partes de madeira para dar sustentação. Os pneus foram arrecadados depois de uma campanha feita por ele entre vizinhos e empresas. Em um mês, o produtor recolheu a quantidade suficiente de pneus velhos para dar início ao projeto.

“Jogar fora não pode, tem que reaproveitar, porque isso aqui na natureza vai demorar anos para acabar e não pode ficar jogado por ai”, disse Cândido.

Trocar o Cerrado por cultivos é um péssimo negócio e não se sustenta a longo prazo

O governo brasileiro se orgulha nacional e internacionalmente de ter reduzido o desmatamento no Brasil. Apresentou um plano de metas para a conferência do clima de Paris (COP 21) no fim de novembro, que inclui redução nas emissões de gases que aquecem o planeta apostando em mais queda no desmatamento. Só que as vitórias passadas e as promessas futuras consideram apenas a Amazônia. O Cerrado, outro importante bioma brasileiro, ficou de fora. O problema é que o cerrado, que vem sendo devorado pela expansão sem cuidados da agricultura, tem grande importância para o país. Além de abrigar uma riqueza biológica única, é responsável pelas nascentes que alimentam 8 das 12 bacias hidrográficas do Brasil. Destruir o Cerrado é secar o Brasil. E matar as bases que garantem o equilíbrio ecológico para a própria agricultura. É o que explica Rafael Loyola, diretor do Laboratório de Biogeografia da Conservação, da Universidade Federal de Goiás.

ÉPOCA: Se você tivesse que explicar o que é o Cerrado e qual sua importância para um brasileiro desinformado, o que diria?
Rafael Loyola: O Cerrado é um conjunto de tipos de vegetação nativa do Brasil e extremamente rico em espécies de plantas e animais. Essa vegetação varia da florestas até campos limpos ou com rochas em grandes altitudes. Ele tem uma biodiversidade incrível, que vai desde bactérias em cavernas até plantas e animais. Além disso, ele é importantíssimo para a manutenção da água no Brasil, já que as nascentes e rios do Cerrado contribuem com 8 das 10 regiões hidrográficas que temos no Brasil.

ÉPOCA: Você diria que o Cerrado está ameaçado?
Loyola: Sim. Infelizmente, o Cerrado é o bioma mais ameaçado do Brasil hoje em dia. Isso se deve a uma combinação de pouca proteção (apenas 11% do Cerrado é coberto por reservas ou unidades de conservação, comparados com quase 50% da Amazônia) e uma alta vocação agrícola, com terrenos planos e de fácil irrigação. Isso atraiu a agricultura em grande escala e a pecuária, de maneira que milhares de hectares são desatados por ano para plantio ou criação de pastagens.

ÉPOCA: Os últimos dados disponíveis indicam que a área (em hectares) desmatada por ano no Cerrado é duas vezes maior do que na Amazônia. Por que não há uma mobilização para combater esse desmatamento do Cerrado?
Loyola: O governo federal possui um sistema de monitoramento por satélite bastante desenvolvido para a Amazônia, que vem sendo replicado para o Cerrado em menor escala. Por muito tempo a Amazônia teve mais atenção e agora o Cerrado precisa de atenção. Mas esbarramos com toda uma política de desenvolvimento agrícola para a região. Isso, na minha opinião é o maior desafio para a conservação do Cerrado – conter o desmatamento ilegal e conciliar atividades agrosilvopastoris com a conservação das águas e da biodiversidade no bioma.

ÉPOCA: O governo brasileiro vem afirmando nos últimos anos que o Brasil está vencendo a guerra contra o desmatamento usando os números da Amazônia. É correto dizer que o ritmo de  desmatamento no Brasil está caindo sem considerar o Cerrado?
Loyola: O governo se concentra na Amazônia porque tem dados muito melhores para lá, E é correto dizer que o desmatamento na Amazônia reduziu bastante, embora venha aumentando no últimos 3 anos. Mas toda essa governança na Amazônia favoreceu um processo de “vazamento” da ilegalidade para o Cerrado, onde a legislação é mais branda em termos do que pode ser desmatado. No Cerrado, especificamente, o desmatamento vem crescendo muito. Parte desse desmatamento é legal e previsto pelo novo código florestal (que permite mais desmatamento que antes), parte é ilegal e desmata mais que o permitido, justamente porque não há tanto controle.

ÉPOCA: O Brasil se propõe a reduzir emissões de carbono com a queda no desmatamento da Amazônia. Essa queda não seria em parte compensada pelas emissões do desmatamento no Cerrado?
Loyola: Seria sim. Ao traçar uma política de adaptação á mudança do clima e delinear metas para a redução de emissões é preciso considerar todos os biomas brasileiros, em especial o Cerrado e a Amazônia.

ÉPOCA: Você acha que o monitoramento de desmatamento do Cerrado hoje é adequado?
Loyola: Não. O governo federal tem um programa de monitoramento do desmatamento chamado PPCerrado (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado), que vem sendo aplicado, mas com menos eficiência que o da amazônia. Além disso, há um problema de disponibilidade de dados. Os dados do governo são sempre atrasados em relação à dinâmica atual. Por exemplo, se você quiser os dados disponíveis e mais atuais do PPCerrado, eles são de 2011.

>> O desmatamento no Cerrado é maior do que na Amazônia

ÉPOCA: O Brasil montou um sistema exemplar de monitoramento do desmatamento da Amazônia, com satélites que geram imagens diárias, programas de computador e equipes para analisar. É possível acompanhar o ritmo de devastação mês a mês. Por que não se faz isso para o Cerrado?
Loyola: Ele faz isso, no âmbito do PPCerrado. Na minha opinião os resultados desse monitoramento só não ganham muito destaque pela pressão de outros setores, especialmente agricultura e pecuária, que vêm o Cerrado como a maior fonte de agronegócio do país.

ÉPOCA: O público em geral tem uma ideia de que o Cerrado é basicamente uma formação de gramíneas com árvores esparças baixas e retorcidas. O Cerrado tem floresta?
Loyola: Tem sim. O Cerrado talvez seja o bioma com maior tipo de formações vegetais do Brasil. Há florestas ao redor de rios (que se parecem florestas da mata atlântica), há florestas em vales entre montanhas e há inúmeras outras formações, desde campos com gramínea (que são nativos e não plantados para o gado) até campos cheios de pedras, com belezas únicas.

ÉPOCA: Qual é a importância biológica do Cerrado?
Loyola: O Cerrado é uma savana tropical, como as da África. A diferença é que não temos bichos grandes. Todos acham que a savana africana é importante, mas se esquecem do Cerrado. Aqui no Brasil, o Cerrado é tão rico em biodiversidade quanto a Amazônia ou a Mata Atlântica. Basta ver alguns números: ele possui mais de 12.000 espécies de plantas (44% exclusivas do bioma), abriga 30% da flora ameaçada do Brasil, é o lar de metade das aves do Brasil, metade dos répteis do Brasil (180 espécies, 17% exclusivas) e tem mais de mais de 200 espécies de mamíferos (10% exclusivos). É muita diversidade para uma área que já ocupou 22% do Brasil e, segundo dados oficiais, já perdeu mais de 50% da sua área.

ÉPOCA: Como você explicaria a importância das áreas de Cerrado para os mananciais que alimentam os rios brasileiros?
Loyola: O Cerrado contribui para a vazão de 8 das 12 bacias hidrográficas do Brasil, alimentando grandes rios como o São Francisco, Amazonas, Paranaíba e Araguaia. Além disso, ele mantém grandes aquíferos (especialmente o bambuí e guarani, que alimenta a bacia do paraná, maior parte dos rios de São Paulo e Goiás. Infelizmente, esses aquíferos têm cada vez
menos água e cerca de 10 pequenos rios desaparecem a cada ano no cerrado.

ÉPOCA: O Cerrado do Centro-Oeste cedeu a expansão da soja, da cana e da pecuária. Agora a nova fronteira de expansão agrícola do país é a região de Cerrado de partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, chamada Matopiba. Qual é o impacto ambiental dessa expansão?
Loyola: A região de Matopiba vem sendo intensamente explorada para esses cultivos, mas com um ritmo de desmatamento assustador. Até 2010, por exemplo, mais de 60% de todo o Cerrado que ocorre na Bahia já havia desaparecido. A esse ritmo, em poucos anos esse estado, por exemplo, não terá mais Cerrado nativo, ficando apenas com a Mata Atlântica. Essa expansão rápida e intensa, além disso, muda todo o regime hídrico e climático da região, com impacto profundo não só sobre a natureza, mas sobre a vida das pessoas, especialmente as mais pobres, que moram em áreas de risco de seca, queimadas, e falta d’água.

ÉPOCA: É possível conciliar a conservação do Cerrado com a agricultura brasileira? A impressão comum é que temos uma escolha: ou preservamos o Cerrado por alguma razão estética e espiritual ou plantamos comida para alimentar os brasileiros e exportar. Existe mesmo essa escolha?
Loyola: Essa escolha é um absurdo e um contra-senso. Sem natureza, sem biodiversidade, sem Cerrado nativo, não há agricultura. Não há agricultura sem o solo do Cerrado, sem a chuva e as águas da região, sem os polinizadores e os inimigos naturais das pragas. Ou seja, trocar o Cerrado por cultivos é um péssimo negócio que pode render a curto prazo, mas que não se sustenta. É típico de uma política de fronteira que exaure os recursos naturais e não permanece, trazendo mais pobreza e redução do bem-estar das populações mais pobres e necessitadas. É possível conciliar a proteção com a produção, pensando em uma agricultura com menos insumos, menos baseada em queimada e plantio e que aposta mais na melhoria da produção, que na expansão da área. Por exemplo, se a pecuária brasileira aumentasse sua produtividade de 1 cabeça de gado por hectare, para 1,5 cabeça por hectare, todas as metas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) seriam atendidas, sem necessidade de novos desmatamentos.

ÉPOCA: Existe algum bom exemplo de política ou ação para a conservação do Cerrado que não fere a economia e o progresso de uma região?
Loyola: Há inúmeros projetos de ONGs da sociedade civil que trabalham com pequenos produtores e visam uma produção mais sustentável. A Aliança da Terra é um ótimo exemplo, na minha opinião. Além disso, nós do Laboratório de Biogeografia da Conservação trabalhos em conjunto com o Centro Nacional para a Conservação da Flora (CNCFlora), vinculado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, elaborando planos de ação nacionais (chamamos de PANs) para a conservação da flora do Cerrado. Nesses PANs, sempre envolvemos atores relacionados a agropecuária, mineração, hidroelétricas, assim como especialistas botânicos, gestores de parques, agentes do governo e ONGs para atacar o problema da conservação sustentável da forma mais colaborativa possível. Esse ano vamos publicar dois desses PANs: o PAN do Espinhaço Meridional, em Minas Gerias e o PAN da região de Grão Mogol e Francisco Sá, também em MG. Na semana passada não te respondi porque estava realizando, com o CNCFlora a oficina do PAN da bacia do Alto Tocantins. Esses PANs vão ajudar a salva mais de 400 espécies ameaçadas de plantas, sem ferir a economia ou o progresso dessas regiões.

 

Link: Época

Mudanças climáticas: ameaça à saúde ou oportunidade?

Chuva, sol e frio, tudo em um dia. Não costumava ser assim, dizem os mais velhos, enquanto os outros só espirram como resposta.

As mudanças climáticas têm muitas consequências, muitas, inclusive, podem interferir na nossa saúde: nós dependemos da Terra, se a Terra passa por problemas, nós também passamos.

Parece, porém, que uma parte da população não percebe o fato, assim o planeta continua passando por mudanças negativas para o ser humano. Outro dia eu respondi para uma pessoa que reclamava da alergia por conta das mudanças climáticas ao longo do dia, que isso era resultado do aquecimento global e ela riu, incrédula.

Onde estão as provas de que as mudanças climáticas afetam a saúde?  De acordo com uma reportagem do The Lancet (o jornal com maior prestígio do mundo médico), a mudança climática é uma emergência médica: poderia minar as conquistas dos últimos cinquenta anos (

Como que essas mudanças poderiam acabar com os atuais êxitos médicos? Conquistas como diminuir o número de mortes, melhorar a qualidade de vida, aumentar a expectativa de vida, podem estar, em parte, comprometidas.

Com eventos climáticos extremos se tornando comuns, como furacões, enchentes,  e até secas, o número de mortes tende a subir, além da qualidade de vida dos sobreviventes piorar, sem contar com as ondas de calor, que na Índia já mataram ao menos 500 pessoas (http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/blog-do-clima/2015/05/25/onda-de-calor-mata-mais-de-500-na-india/ ) .

A insegurança com relação aos alimentos, a poluição do ar, diminuem a expectativa e qualidade de vida, afirmam os autores da pesquisa do Lancet. Além de consequências óbvias, como o aumento de alergias e asma.

Doenças indiretas, como câncer de pele por causa do aumento dos raios UV, câncer de pulmão, graças à poluição atmosférica das cidades, também fazem parte do rol de doenças inclusas como consequências de atitudes humanas impensadas, e que são tanto fatores da mudança climática como efeito.

Já a seca leva a um declínio na agricultura, portanto na produção de comida, e, dessa maneira, é possível ter como efeito até guerras, como no caso da Síria, que tem tido seca pelos últimos dez anos, causando fome, doenças, revoltas.

A esperança, todavia, ainda persiste, pois eles argumentam que é possível construir ‘sistemas de saúde mais resilientes’, ou seja, que podemos transformar a situação negativa em uma positiva: utilizando energia limpa (mantém o meio-ambiente livre de poluição, evitando doenças), meios de transportes mais saudáveis para nós e para a Terra (como bicicleta), investindo em pesquisas, não apenas médicas, mas em todas as ciências, inclusive as sociais, para evitar que voltemos a uma forma de vida insustentável para nós para o planeta (http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(15)60931-X/abstract). A mudança climática é uma ameaça á saúde, mas também pode ser uma oportunidade. Depende de nós a decisão de agir eu permanecer na inércia da ameaça.

Laís Vitória Cunha de Aguiar.

Planeta tem 422 árvores para cada habitante, diz estudo

Um time de pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, acaba de concluir um estudo que mostra que o mundo tem 3 trilhões de árvores, ou seja, cerca de 422 para cada ser humano. A pesquisa, publicada na revista “Nature”, foi feita usando uma combinação de imagens em satélite, inventários de florestas e tecnologia e atualiza os dados sobre árvores que existiam até agora.

A única estimativa global que se conhecia dava conta de que o planeta tinha 400 bilhões de árvores, o que dava em média 61 para cada habitante. Por outro lado, há evidências de que o número total de árvores tenha caído em cerca de 46% desde o início da civilização humana.

Os dados dessa pesquisa são a chance de se ter, agora com provas reais, o impacto das atividades humanas sobre as árvores. Thomas Crowther, membro do pós-doutorado da Escola Yale de Florestas e Estudos Ambientais e coordenador do estudo, lembrou que, apesar de as árvores estarem entre os organismos mais importantes e críticos sobre a Terra, só recentemente se compreendeu a sua extensão e distribuição global.

“Elas armazenam grandes quantidades de carbono, são essenciais para o ciclo de nutrientes, de água e qualidade do ar, além de serem importantes para inúmeros serviços essenciais à humanidade. No entanto, se você perguntar às pessoas para estimar, dentro de uma ordem de magnitude, quantas árvores existem, elas não sabem nem por onde começar a contagem”, disse ele.

Os pesquisadores encontraram as maiores densidades de árvores nas florestas boreais, nas regiões subárticas da Rússia, Escandinávia e América do Norte. Mas é nos trópicos, como já se imaginava, que ficam as maiores áreas florestais: 43% das árvores do mundo.

Foi descoberto também que o clima pode ajudar a prever a densidade de árvores na maioria dos biomas. As zonas mais úmidas, por exemplo, são ideais para o crescimento delas. No entanto, os efeitos positivos da umidade não aconteceram em algumas regiões porque os humanos também preferem as áreas úmidas e produtivas para a agricultura. Nessa briga secular entre homem e natureza, a última perde de goleada.

Na verdade, a atividade humana é que determina o número de árvores em todo o mundo, disse Crowther.  O estudo destaca de que maneira as decisões de uso da terra moldaram, historicamente, os ecossistemas naturais em uma escala global. E nem sempre deram resultados financeiros.  Em resumo: o desmatamento, a mudança no uso da terra e o manejo florestal são responsáveis, ainda hoje, por um prejuízo bruto de mais de 15 bilhões de árvores a cada ano.

Aqui no Brasil, segundo um estudo divulgado ontem pela ONG Observatório do Clima (OC) (leia aqui) , o número de alertas de desmatamento na Amazônia subiu 68% entre agosto de 2014 e julho de 2015 em relação ao mesmo período entre 2013 e 2014. Somando-se o desmatamento – quando há corte raso na vegetação – e a degradação, o índice de 5.121km² de floresta destruída é o maior em seis anos, diz a análise realizada pela OC. Mato Grosso foi o estado com o maior número de alertas, somando 1.815 Km2, o equivalente a 35% do total. No Pará, foram 1.535 Km2, 29,8% do total, e em Rondônia, 769 Km2.

Mas outra pesquisa, realizada por especialistas da PUC-Rio em parceria com o instituto internacional Climate Policy Initiative e publicada no dia 17 de agosto (leia aqui) mostrou que conter o desmatamento pode ser uma tarefa bem mais difícil do que se imagina. O desafio do país, depois de conseguir coibir o corte de árvores em cerca de 80% entre 2003 e 2012, agora é tentar descobrir e reduzir o desmate em pequenas escalas, que já alcança 50% de todo o desmatamento registrado atualmente.

De acordo com Juliano Assunção, professor da PUC-Rio, um dos autores do estudo e diretor do núcleo de avaliação de políticas climáticas da universidade, os resultados mostram que houve uma mudança na natureza do fenômeno do desmatamento da Amazônia.

“O monitoramento do desmatamento feito pelo sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), ajudou a reduzir drasticamente a devastação a partir de 2004. Mas, quando olhamos em detalhe, vemos que o que caiu foi o desmatamento de larga escala, em áreas acima de 25 hectares. O desmatamento em áreas menores permanece em alta, com flutuações”, disse ele.

Consequência direta desse tipo de crime? A seca. Aqui no Brasil já estamos vivendo uma crise hídrica que vai aumentando ano a ano e agora alcança também a região Sudeste. Nos Estados Unidos, segundo uma reportagem na própria revista “Nature”, a California está vivendo sua pior seca desde 2012. As temperaturas estão batendo recordes históricos, o que impacta de maneira bem negativa não só os humanos mas as florestas, a biodiversidade e a economia da região. Só no ano passado já há registro de perdas de US$ 2,2 bilhões, pois  o estado é conhecido por ser um terreno fértil para frutas, vegetais e oleaginosas, que dependem de muita água. E 17 mil californianos estão fora do mercado de trabalho por conta disso, aumentando assim as estatísticas de desemprego globalmente.

Só para fazer um link com o estudo divulgado pela Yale, no Estado da Califórnia computaram a morte de mais de 12 milhões de árvores.

Sem cair no catastrofismo, mas fazendo a ligação necessária entre o corte de árvores e os fenômenos extremos, ontem (1) a Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou (leia aqui) que o El Niño este ano será ainda mais forte. Vai atingir seu pico entre outubro e janeiro. São ventos que esquentam as águas do Oceano Pacífico trazendo mais chuvas para a região Sul do Brasil e muito calor para o Sudeste e Centro Oeste, além de mexer com o clima do mundo inteiro. O último El Niño tão forte aconteceu em 1998, quando as águas se aqueceram em 5 graus. Hoje elas já estão 4 graus mais quentes.

O que não se pode dizer é que a ligação entre desmatamento, seca e aquecimento global seja algo novo para a humanidade. Em fevereiro de 1979, a Organização Meteorológica Mundial concluiu em sua “Declaração da Conferência sobre o Clima” que “parece plausível que o contínuo aumento do dióxido de carbono na atmosfera pode contribuir para o aquecimento gradual… é possível que alguns efeitos em escala regional e global possam ser detectados antes do fim deste século e se tornem significantes antes da metade do próximo século”*.

Em junho de 1988, o então presidente do Instituto da Nasa para Estudos Espaciais, James Hansen, deu um depoimento sobre o senso de urgência que a questão merece. Diante do comitê de Energia e Recursos Naturais do Senado norte-americano, ele foi categórico ao afirmar que o aquecimento global não é um fenômeno natural:

“É tempo de parar de jogar conversa fora e dizer que já existem fortes evidências sobre a existência do efeito estufa”, disse ele.

De lá para cá, com a criação do Intergovernmental Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, na sigla em inglês) nos anos 80, os estudos e pesquisas sobre o assunto ficaram cada vez mais potentes e minuciosos. O estudo feito pelo Yale sobre as árvores é um exemplo disso.  Algumas ações foram tomadas para tentar minimizar o problema, mas o tema ainda não está na agenda política, o que dificulta muita coisa.

Resta saber se quando se reunirem em dezembro na França para a vigésima primeira Conferência das Partes sobre o Clima, os 193 líderes mundiais vão seguir, finalmente, o conselho de Hansen. E tomar atitudes mais eficazes.

*Dados do “State of the World 2015”, publicado pela organização The Worldwatch Institute